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quarta-feira, junho 09, 2004

outras coisas que eu queria dizer
henderson, eu li um post enorme que você me mandou por email e conta um final alternativo pra Malhação. confesso que não entendi muita coisa mesmo não. tem personagens que mudam de nome? se tiver vai ser demais!

o favero me emprestou um CD com um monte de MP3, inclusive do recém-lançado Franz Ferdinand, banda escocesa de que o omar já havia falado, mas que eu ainda não havia escutado. tipo, rock com levada disco, com guitarras e baterias no ritmo quatro-por-quatro. Como diz o gusmão, c'est très très cool, très très chic!

e falar em CD e omar, ele acabou nem me emprestando o mombojó. e nem deve tá ouvindo lá no Rio, onde deve ter MUITO mais o que fazer - né não omar? aliás, o que era, hein, omar? :)

no mais, este fim de semana espero botar em prática o plano do cleyton de encarar um programa mais cultural. Estou aceitando sugestões.
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a magia, a terrível magia
tudo bem que alguns não tenham gostado dos dois primeiros harry potter no cinema. Chris Columbus já dirigiu "Uma babá quase perfeita" e "Esqueceram de mim", só pra citar seus pontos altos. e tem visão estreita, como todo americano, para quem ele escreve seus roteiros padrão americano-médio-na-faixa-dos-20-aos-24-anos. foi preciso vir o alfonso cuarón, cidadão de um país que sabe que existem outros países no mundo, para tirar os personagens daqueles cenários bem acabadinhos, fazer eles pisarem no chão, desarrumar (finalmente) o cabelo do protagonista, e mostrar que o mundo da magia também pode ser não apenas escuro, mas verdadeiramente assombroso e terrível.

e digo isso porque o filme também me surpreendeu. a história não só tem um clima funesto, mas em certos momentos ascende a um terror genuíno (não que isso seja péssimo, pelo contrário, mas a história já não é mais para crianças). e, mostrando que o cuarón tem mesmo domínio da coisa, o filme tem elementos de suspense e emoção mais intensos do que os anteriores inteiros.

nesse terceiro episódio, harry faz uma magia na casa dos tios, e acha que vai ser expulso de hogwarts. ele foge de casa, mas logo é resgatado e levado à casa da família de rony. enquanto isso, um suposto assassino perigoso fugiu de azkaban, a prisão dos bruxos, e harry viria a descobrir depois que ele estaria envolvido, ao lado de Voldemort, no episódio que levou à morte de seus pais.

todos acreditam que o bruxo escapou para acabar de vez com a raça de Harry, e tentam protegê-lo de todas as maneiras. Mas o garoto não se importa se o fugitivo encontrá-lo: ele quer vingança.

é aí, entretanto, que rowling começa a dar mostras de que não aprendeu a escrever histórias em hollywood não. harry descobre que as coisas não são bem como parecem. os rumos mudam de uma forma vertiginosa. a morte por vezes parece um vulto negro e funesto à frente, próxima como um abraço. quando as coisas se encaminham para uma solução, existe um abismo à frente. e quando o pior parece inevitável, o inesperado oferece uma saída.

isso sem contar que, a partir do terceiro livro, a série ganha profundidade: revelações tão dramáticas quanto miraculosas aparecem a todo momento, e a luta de um jovem bruxo contra seu perseguidor ganha estatura de conflito mundial, com perspectivas pouco esperançosas.

mas ainda é preciso esperar pra ver. pelo menos por enquanto, o que dá pra dizer é que harry potter e o prisioneiro de azkaban indicou um caminho a ser seguido para as próximas adaptações. vamos ver, vamos ver.
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american splendor
fico devendo ao daniel ter assistido a esse filme, já que ainda naum saiu em dvd e nem passou nos cinemas daqui. sabe aqueles filmes que você assiste e logo depois te dá vontade de retomar todos os seus projetos inacabados? que te deixa com uma sensação bacana por dentro? que mostra que até a vida comum pode ser extraordinária, quando a gente olha por um determinado ângulo? um dos últimos filmes bacanas assim a que eu assisti foi "Quase famosos", eu acho.

O nome em português foi "Anti-herói americano". Dirigido por um casal que eu esqueci o nome. Com um ator chamado Paul Giamatti, especializado em fazer pontas em outros filmes. O filme conta a história da vida do autor de quadrinhos Harvey Pekar, um americano que trabalhou muito tempo como arquivista, até conhecer o Robert Crumb - pai do quadrinho underground e criador do "Mr. Natural", que eu vou comprar com o Daniel.

Ele adora o que o Crumb faz com seus quadrinhos, e decide fazer algo parecido: ele começa a fazer esboços de histórias sobre cenas corriqueiras do dia-a-dia. Everyday life, everyday people. Crumb gosta do trabalho e começa a desenhar pra ele. Os episódios são publicados. Ele começa a ficar famoso. Seus quadrinhos contam sua vida: seu trabalho nos arquivos, seus colegas de trabalho, seus passeios na rua, o encontro com aquela que viria a ser sua esposa até os dias atuais, uma difícil luta contra o câncer... Ele se torna o criador de seu próprio personagem.

O filme tem partes dramatizadas, com cenas filmadas com atores, e partes de documentário, em que o próprio Harvey Pekar, sua esposa e até amigos dão depoimentos. E os desenhos dele, feitos por diversos quadrinistas, aparecem no meio do filme - e vem uma historinha criada por ele encartada no dvd.

"a vida comum é uma coisa complexa", diz o personagem, no que virou o subtítulo do filme. o que me impressionou foi que o cara escreveu sobre sua própria vida de uma forma tão singular que outras pessoas se reconheceram nele. as boas histórias, eu acredito, devem ser assim: mostrar que qualquer pessoa, com seu passado, seu background e suas idiossincrasias é um baú de coisas extraordinárias; mas que, mesmo sendo tão diferentes, todos nós guardamos a mesma essência, simplesmente porque somos seres humanos. Somos ao mesmo tempo diversos e iguais.

o alan moore já tinha dito a mesma coisa pela boca do Dr. Manhattan, em "Watchmen", num episódio que eu considero uma das grandes obras da humanidade. Dr. Manhattan, que é onisciente e onipotente, foge da Terra para Marte, porque não consegue ver mais sentido na humanidade e seus problemas do que na estrutura de um átomo de hidrogênio. Laurie foi sua namorada, e tem de fazê-lo voltar para salvar o planeta de uma catástrofe. eles travam um longo diálogo de surdos, até que Laurie começa a acreditar que sua própria vida não tem sentido, ao descobrir que seu verdadeiro pai é o homem que sua mãe mais odeia. Então o Dr. Manhattan muda de idéia. Não é mentira, eu já cheguei às lágrimas lendo esse texto (no original em quadrinhos):

"- Em cada par humano, milhões de espermatozóides avançam rumo a um só óvulo. Multiplique as possibilidades por incontáveis gerações, junte à chance de seus ancestrais estarem vivos; de se encontrarem; de conceberem esse precioso filho, essa exata filha... até mesmo sua mãe amar um homem que tinha todas as razões para odiar, e dessa união, das milhões de crianças competindo pela fertilização, foi você, apenas você que emergiu... extraindo uma forma específica desse caos de improbabilidades, como o ar se transformando em ouro... isso é o pináculo do improvável... o milagre termodinâmico.

- Mas se eu, meu nascimento, se isso foi um milagre termodinâmico... pode-se dizer o mesmo de qualquer pessoa no mundo! - diz Laurie.

- Sim. Qualquer pessoa no mundo. Mas o mundo é tão cheio de pessoas, tão repleto desses milagres que eles se tornam lugar comum e nós esquecemos... eu esqueci. Nós contemplamos continuamente o mundo e ele se torna opaco às nossas percepções. No entanto, encarado de um novo ponto de vista, ainda pode nos tirar o fôlego. Vamos... enxugue as lágrimas, porque você é vida, mais rara do que um quark e mais imprevisíveldo que qualquer sonho de Heisenberg; a argila na qual as forças que moldam a existência deixam as impressões digitais mais visíveis. Enxugue as lágrimas... e vamos para casa."

pois é. a vida comum é uma coisa complexa. e extraordinária.
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terça-feira, junho 08, 2004

i've been a bad boy...
eu sei que eu tenho decepcionado sistematicamente vocês deixando de escrever aqui. sei até que tenho decepcionado outro monte de amigos também por não ligar. sei que tenho decepcionado.

não vou prometer, mas vou tentar mudar. já estou até conseguindo sair um pouco mais cedo do jornal. já sarei de uma gripe escrota de uma semana. já dei plantão este mês. o mundo se abre à minha frente. e entre filmes, leseiras, e conversas anárquicas no horário do almoço, eu tenho algo a dizer.

e soh pra compensar a falta de posts nos últimos dias eu vou colocar vários pequenos.
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